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São Paulo, 25 de junho de 2025

Depois de se tornarem avós, Claudia Sabbag, de 62 anos e Luiz Carlos Bulhões Lima, de 60, reuniram os investimentos de uma vida para apostar em um sonho de adolescência: fazer um intercâmbio no exterior.

Avós de 4 netos, Claudia e o marido, Luiz , ambos aposentados, matricularam-se em um intercâmbio de quase um ano em Vancouver, no Canadá. Sacudiram a vida  ao descobrir como é estudar, morar e até traballhar fora do país em 2023 e 2024.

O casal faz parte de um grupo de brasileiros que, com a vida estável, muitas vezes os com filhos já criados, que agora quer realizar o sonho de aprender um novo idioma e conviver com novas culturas.

Cláudia e Luiz estão dentro da nova realidade que se apresenta no Brasil, com vovós que, nem de longe, querem ficar em casa para tricotar. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em 2040, o número de adultos com mais de 50 anos vai superar o de pessoas de 0 a 30 anos.

A verdade é o que o mercado em geral deve voltar os olhos para esse público, como revela o estudo Data8 “Mercado Prateado: consumo dos brasileiros 50+ e projeções”, publicado em 2025.

Segundo as análises, a economia prateada no Brasil vai duplicar em vinte anos. No Brasil, o consumo da população com 50 anos pode aumentar até R$ 3,8 trilhões em 2044, o que representa 35% do consumo total.

Claudia e Luiz, intercambistas Selc em Vancouver – foto Andrea Miramontes @ladobviagem

Para que o casal alcançasse o objetivo, houve preparo psicológico e financeiro, uma vez que a idéia era ficar muito tempo fora, mas de forma responsável, com as contas e responsabilidades em dia.

“Muita gente não acreditou quando revelamos os planos. Abrimos mão de uma vida mais confortável para arriscar. Nós nos preparamos para isso, remanejamos o dinheiro e escolhemos acumular experiências”, conta Cláudia. Eles estão casados há 37 anos.

Claudia foi além, resolveu não só estudar inglês como também, matriculou-se em um curso profissionalizante de business, em Vancouver, que prevê, em sua grade de estudos, trabalho remunerado de quase 5 meses. “Sempre quis trabalhar fora, saber como é a experiência de lidar com outra cultura e, agora, consegui realizar”, relata.

Os cursos escolhidos pelo casal são da Selc Language e College, um dos  melhores grupos escolares de idiomas e cursos profissionalizantes para estrangeiros em Vancouver, no Canadá.

Claudia, Luiz e eu na cerimônia de graduação da Selc – foto Andrea Miramontes @ladobviagem

“É a primeira vez que viajamos para estudar e morar fora. Nossos quatro filhos já tinham saído do país, e, apesar de termos feito outras viagens, sentíamos falta do inglês fluente”, completa Luiz.

Nas escolas, além da unidade que ensina idiomas a estrangeiros, no College são mais de 15 cursos, desde enfermaria, que valida a profissão para trabalhar no Canadá, ao de marketing digital, business, entre outros, que podem durar de 6 meses a dois anos.

Como parte do programa de estudos, Claudia trabalhou por 4 meses em atendimento ao público, algo completamente diferente da profissão que exercia no Brasil, como professora de ioga. “Não existe ser velho demais. Pelo contrário, ao aprender um idioma novo e viver coisas diferentes, você também rejuvenesce”, ressalta Luiz, que já planeja mais viagens e cursos para o futuro.

Lidar com as críticas

O brasileiro Vicente Moreira também realizou o sonho do intercâmbio aos 55 anos. Ele chegou ao Canadá sem nenhum conhecimento no inglês e também enfrentou a barreira de críticos.

“Muitos me perguntavam o porquê de eu querer aprender agora, com essa idade. Como se a idade fizesse diferença nos sonhos. Quero falar inglês bem, para conseguir me comunicar em viagens, tenho muito a viver e viajar”, conta.

Vicente Moreira, de 59 anos, realizou o sonho de estudar fora – foto Andrea Miramontes @ladobviagem

Após três meses, Vicente terminou o estudo com boa comunicação no idioma e relata os comentários desagradáveis que recebeu de pessoas próximas. “Teve quem afirmou que eu gastei demais com esse projeto. Economizei para isso, para meu sonho e vou apostar no meu desenvolvimento pessoal, sem dúvida nenhuma”, finaliza.

De acordo com Neila Chammas, diretora financeira da Belta, associação sem fins lucrativos de agências de intercâmbio, a procura por pessoas de mais de 50 anos aumentou muito de 10 anos para cá.

“Além de passear e conhecer outra cultura, o intercâmbio ajuda a desenvolver o estudo, que só faz bem à cabeça. Desde o novo aprendizado às vivências e novas amizades. Conheci uma senhora de quase 90 anos que foi estudar inglês em Malta”, conta.

Canadá, o queridinho

O Canadá está em primeiro lugar na procura por brasileiros que querem estudar fora, seguido pelos Estados Unidos e Reino Unido, como aponta a pesquisa da Belta de 2025.

Mas por que o Canadá? Além de ser um destino cheio de paisagens diferentes para explorar, o país é sinônimo de excelência nas escolas, de segurança, permite que estudantes trabalhem de forma legal e tem voo direto do Brasil.

Para quem passou dos 50 é interessante saber que, nas escolas canadenses, não se separa alunos por idade. Na sala, pessoas de 18 anos estudam ao lado de quem tem mais de 60, contanto que estejam no mesmo nível do idioma, descoberto em um teste feito no primeiro dia de aula.

Para chegar a qualquer cidade do país, como Vancouver, o brasileiro conta com voos diretos diários pela Air Canada, na rota de São Paulo a Toronto, além de voos de São Paulo a Montreal. Desses destinos, é possível se conectar a qualquer outro no país, sem ter que retirar a mala no meio do caminho, o que também é mais confortável.

E, por fim, outro atrativo bastante forte para o estudante é a possibilidade do trabalho legal. O Canadá permite que estudantes trabalhem, mas para isso, é preciso estar com o visto correto.

“Para o visto de estudante que vai trabalhar devemos apresentar uma carta oficial de aceitação da escola que receberá o aluno”, conta Carolina Gonzales, consultora de imigração da Northwest Imigration, que ajuda na obtenção de todo tipo de visto para o país.

Ela acrescenta ainda que, se o estudante ficar até 6 meses no Canadá sem trabalhar, o visto de turista basta. Quem tem visto americano pode tirar somente o ETA  (electronic travel authorization), mais barato e feito pela internet.

Como escolher

Na hora de escolher o intercâmbio, a primeira providência é procurar uma agência séria, que desenhe o programa de acordo com os interesses do aluno. No site da Belta há um selo que lista agências idôneas e especialistas. O estudante pode começar por aí.

“O papel da agência é entender a necessidade do cliente, achar a melhor opção, de acordo com o perfil, e ter o cuidado de personalizar”, reforça Neia Chammas.

andrea miramontes

Andrea Miramontes, jornalista de viagens do @ladobviagem – durante os estudos no Canadá

Ela lembra ainda que, quando a agência vende a viagem completa, a companhia é responsável pelo projeto como um todo, desde o voo à hospedagem, e assim pode ajudar a resolver qualquer problema que o aluno tiver ao sair do país.

A escolha do destino deve considerar a receptividade de brasileiros naquele local, o custo de vida e até a estação do ano, com clima ideal para sua viagem.

“Há quem busque turmas específicas para pessoas acima de 50 anos, nas quais as idades não se misturam, o que temos na França, Itália, Malta e outros países. Nesse tipo de turma, os assuntos levantados em sala, bem como as atividades fora dela, são todos desenhados para adultos nessa faixa etária”, completa.

O estudante também pode fazer outros cursos, que não só idiomas. “Muitos ficam surpresos com a variedade, especialmente para quem já domina o idioma, como gastronomia, fotografia, ioga, entre outros”, finaliza.

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