Sustentabilidade têm sido o norte do turismo na região de Bonito, Mato Grosso do Sul.
O destino bateu um feito inédito. Bonito se tornou o primeiro local de ecoturismo do mundo a receber a certificação Carbono Neutro, pela Green Initiative.
Isso significa que o local consegue absorver todo o carbono emitido pelas atividades turísticas. Mas como aconteceu? Conto mais abaixo sobre alguns passeios da região que se adaptaram às urgências climáticas.

Boca da Onça fica em Bodoquena e faz parte do complexo de passeios sustentáveis na região de Bonito (MS)
Foi justamente em Bonito, agora o destino mais sustentável do Brasil, que aconteceu um dos maiores eventos de aventura do mundo, da organização norte-americana Adventure Travel Trade Association.
Jogar luz a esse destino focado em práticas sustentáveis é parte de um plano. Filha de Mato Grosso do Sul, a executiva Gabriella Stowell, vice-presidente regional de desenvolvimento da ATTA começou no turismo como guia no Estado e agora trouxe profissionais do mundo todo para conhecer as iniciativas verdes que temos por aqui.
“Sempre me encantei em levar as pessoas à natureza. Acredito que a gente só cuida do que conhece, e agora 20 e poucos anos depois, apresento esse destino ao mundo. Quero que todos sintam o vento do Pantanal, o sabor da guavira, saibam da importância desse lugar”, acrescenta Gabi.

Gabriella Stowell, vice-presidente regional de desenvolvimento da ATTA, coloca Bonito na rota dos viajantes internacionais e destaca a sustentabilidade no destino
Mas quais passeios se destacam por sustentabilidade no Estado e em Bonito?
Abaixo listo 5 passeios imperdíveis, cada um com sua história de preservação e inclusão da comunidade local. Os valores são da agência H2O Ecoturismo e Eventos, que ajuda o turista a chegar lá.
1 – Maior rapel de plataforma do Brasil
A fazenda Boca da Onça fica em Bodoquena, a 40 minutos de carro da cidade de Bonito, e lá está o maior rapel de plataforma do Brasil.
Trata-se de uma descida de 90 metros, sobre um vale cortado pelo rio Salobra. Você pode ver o vídeo da aventura.
A fazenda, antes dedicada somente à criação de gado, teve o destino transformado por Ângela Quartim Barbosa, dona do local e visionária.
Angela encontrou 8 cachoeiras lindíssimas da fazenda, incluindo a que dá nome ao local, a cachoeira Boca da Onça, com 156 metros, a maior do Mato Grosso do Sul, e enxergou nelas a oportunidade do ecoturismo. Preservar vale mais do que usar as terras para pasto.
Hoje 55% da fazenda, antes dedicada só a pastagens, é nativa e está preservada. Angela também estabeleceu rígidos processos de controle de segurança e manejo de resíduos.
Com equipamento europeu de primeira e funcionários muito bem treinados, o passeio de descida do maior rapel do Brasil tem toda segurança possível. Desci os 90 metros tranquilamente, e vi crianças de 10 anos fazerem o mesmo.

Boca da Onça, em Bodoquena, pertinho de Bonito – foto Andrea Miramontes @ladobviagem
O passeio de um dia inclui café da manhã e almoço com gostinho de fazenda, trilha pelas 8 cachoeiras, incluindo paisagens incríveis como o poço buraco do macaco e a piscina infinita janela para o céu.
Custa a partir de R$ 750 e inclui almoço com comida caseira. Reserve aqui.
2 – Abismo Anhumas
Descer 72 metros dentro de uma caverna estreita, por rochas milenares, com o lago límpido e gelado à espera. O Abismo Anhumas é um passeio único no Brasil.
Conheci o abismo em 2006, ele começou a funcionar em 1999. Na época, para descer os paredões da caverna era preciso faze rapel na mão, com a subida na marra, com corda, braços e pernas. Agora, o rapel é elétrico e não há esforço na subida e descida.
Dentro da caverna, o lago gelado de 80 metros de profundidade permite a exploração de barco e snorkel, com roupa especial de neoprene. O equipamento está incluso no passeio para quem decidiu mergulhar.
Não há muitos peixes no local, mas é impressionante boiar sobre estruturas de cones calcários formados há milhões de anos. É lá, submerso, inclusive, que está o maior cone calcário do mundo, de 80 metros.
O número de pessoas por dia é controlado, as águas são constantemente monitoradas, e a fauna local, também.

Descida por rapel elétrido do Abismo Anhumas – foto Andrea Miramontes @ladobviagem
Guias locais foram treinados para explorar turisticamente sem deixar com que o visitante degrade. Não se pode caminhar por partes da caverna e sequer tocar as rochas. A caverna abriga um ecossistema específico com plantas, animais e microorganismos adaptados a condições de vida únicas, o que exige muito controle.
O passeio custa a partir de R$ 987 por pessoa. Reserve aqui.
3 – Flutuação do Rio da Prata
Você já viu um vulcão debaixo da água? Passar pelas nascentes borbulhantes do Rio da Prata é uma das experiências durante a flutuação no local, em meio a peixes gigantes.
E os peixes estão lá porque o destino decidiu pela preservação. Não é permitida pesca em Bonito, tampouco o uso de cremes, repelentes e filtro solar para entrar no rio.
O passeio para flutuação do Rio da Prata tem regas bem definidas, que ajudam na manutenção da natureza exuberante e intocada do local, há mais de 25 anos.
Entre as ações sustentáveis estão também o de meta de lixo zero, com gestão de resíduos passam por processos de reciclagem, compostagem ou reaproveitamento, uso de energia solar e técnicas agroflorestais, que integram a produção agrícola à conservação florestal, permitindo uso sustentável do solo.
Esses sistemas ajudam a restaurar a terra e promover a biodiversidade, pois gera impacto ambiental positivo de longo prazo.
O rio que fica no Recanto Ecológico do Rio da Prata permite visibilidade extrema, durante mais de uma hora dentro da água.
Durante o trajeto, sem bater os pés e mexendo os braços de forma lenta, a sensação de imersão na natureza é iminente. Um clássico que não pode ficar de fora durante sua viagem.
O passeio do Recanto Ecológico do Rio da Prata custa a partir de R$ 388 por pessoa e inclui almoço com comida caseira. Reserve aqui.
4 – Gruta do Lago azul
Um dos cartões-postais de Bonito, a gruta do Lago Azul já foi alvo de atiradores, que, nas décadas de 70 e 80 miravam nas estalagmites e estalactites milenares para atirar. Dá para acreditar?
Hoje, tombada pelo IPHAN(Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), a caverna está protegida. Durante anos de estudo foram descobertos um conjunto de minerais raros e fósseis de mamíferos que viveram durante a Era Glacial, durou de aproximadamente 2,58 milhões de anos, e aconteceu há quase 12 mil anos, chamado período geológico do Pleistoceno.
É possível visitar somente para contemplação, e em número limitado de turistas por vez.
Uma pequena trilha de 10 minutos leva até a caverna, que tem uma série de 300 degraus até chegar próximo ao lago icônico, que se transforma em tons de azul profundo com a incidência de luz dentro da caverna.

Gruta do Lago Azul, em Bonito – foto Andrea Miramontes @ladobviagem
O passeio custa R$ 110 por pessoa. Reserve aqui.
5 – Rapel na cachoeira do Inferninho: 30 metros
Foi a primeira vez que desci de rapel em uma cachoeira o que é muito diferente de um paredão normal ou uma caverna. E foi logo em uma cachoeira de 30 metros. A cachoeira do inferninho fica próxima a Campo Grande, no caminho a Bonito.
Não tem infra-estrutura preparada, tudo é montado na hora com a empresa Trilha Extrema. Depois que termina, nenhum rastro é deixado e se levanta acampamento. A natureza fica intacta.
Em um primeiro momento, depois de devidamente equipada, pendurar-se ao lado da água será seu principal desafio. Mesmo porque depois que começou a descer, você tem que chegar lá embaixo.
As pedras molhadas também são difíceis, e você escorrega tentando apoiar na parede. É um baita desafio. Mas a equipe qda Trilha Extrema que te apoia acima e te espera lá embaixo não te deixa desanimar.
Fico feliz que não desisti. Você pode ver o passeio neste vídeo.
O rapel custa R$ 100 por pessoa.
Onde ficar em Bonito?
Em viagem, gosto da praticidade de estar na cidade perto de tudo. Mas Bonito tem opções de pousadas e hotéis que vão desde o centro até os mais afastados. Mas minha dica vai para quem ama o centro dos lugares.
Dentro do conceito hotel- boutique muito bem-localizado está a charmosa pousada Arte da Natureza. Em menos de 10 minutos a pé chega-se ao centrinho da cidade.
Imensas piscinas com cascatas e bares molhados serpenteiam pelo jardim da pousada. Uma delas, coberta aquecida, com temperatura média de 35ºC. São seis hidromassagens externas.
Os quartos são bem charmosos, com ar-condicionado, e camas duplas, muitos deles podem acomodar uma família. Mas o charme mesmo são os quartos com piscina privativa na varanda.
O café da manhã é uma atração imperdível. Conta com bolos caseiros recheados, do tradicional cenoura com chocolate até os gelados de coco. O pão de queijo feito na hora tem opção sem glúten.

pousada Arte da Natureza, em Bonito – foto Andrea Miramontes @ladobviagem
Ao cair da noite, a Arte da Natureza costuma colocar música ao vivo na piscina. Reserve seu hotel em Bonito
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